O mercado imobiliário da cidade mantém o ritmo de negócios mesmo com as incertezas econômicas atuais, mas, para isso, foi preciso adequar os valores dos imóveis. Para o presidente da Associação dos Corretores e Empresas Imobiliárias de Sorocaba (Aceiso), Harley Mena, a cidade tem um cenário diferente em comparação a outros municípios, pela grande presença de indústrias, empresas e faculdades. E, para o diretor da regional Sorocaba do Sindicato da Habitação (Secovi), Guido Cussiol Neto, a estrutura do município possibilita que, com a retomada da economia, a cidade também volte a crescer, o que a torna uma boa opção para adquirir imóveis como investimento.
De acordo com pesquisa feita pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (CreciSP), ocorreu “uma queda nas vendas de imóveis usados em abril, no estado; no interior a retração chegou a – 11,58%, em comparação com o mês anterior”. A pesquisa foi realizada com 998 imobiliárias em 37 cidades.
Para Mena, em Sorocaba o mercado está estável. Embora as vendas de usados, por exemplo, sejam afetadas pela preferência dos bancos em financiar novos empreendimentos, com condições melhores, ele lembra que a permuta — troca por outros imóveis — é uma das maneiras de negociar usados. “A maior procura, devido aos financiamentos e taxas mais atrativas para imóveis, são os novos”.
Mena diz que isso provoca um realinhamento em termos de valores dos empreendimentos. O diretor da regional Secovi avalia que os preços dos imóveis usados tenham caído de 30% a 40% nos últimos anos.
Para Cussiol Neto, a quantidade de imóveis usados negociados se manteve ou até aumentou. Ele observa que, apesar da falta de financiamento, há mais possibilidades de negociação com os proprietários que com as construtoras que vendem os novos empreendimentos. “A flexibilidade é muito maior”, aponta.
De acordo com a pesquisa do Creci, 56,34% das vendas de usados em abril foi feita com pagamento à vista. Os financiamentos responderam por 35,07% dos negócios; 7,46% desses imóveis foram vendidos com pagamento parcelado pelos proprietários e 1,12% por meio de cartas de crédito de consórcio.
Mena lembra que houve muitos lançamentos, além da realização recente do Feirão da Caixa — que impulsiona a venda de imóveis novos. Ele conta que, apesar de as vendas pelas plataformas digitais terem aumentado, os anúncios em jornais continuam trazendo ótimo retorno. Para Mena, o cenário econômico e a proximidade das eleições presidenciais desencorajam os interessados em investir em imóveis.
Guido Cussiol Neto aponta, no entanto, que esse é um bom momento para os investidores, uma vez que os preços estão baixos e a oferta de imóveis está alta, o que dá ainda mais poder de negociação ao comprador. Ele também observa que, na comparação com outras cidade, inclusive capitais, Sorocaba tem enfrentado melhor a crise econômica. Guido lembra que dados de setembro do ano passado indicavam 4 mil unidades em estoque na cidade, mas um número muito maior de famílias que desejavam comprar um imóvel. Como obstáculo entre os compradores e os empreendimentos, o desemprego, as condições de crédito e falta de confiança. “Existe uma oferta maior do que a demanda”. Ele avalia que assim que economia mostrar condições mais favoráveis, esse estoque deve diminuir rapidamente.
Aluguéis caem no Estado e descontos sobem
Pesquisa do CreciSP com 998 imobiliárias do Estado mostra queda no número de imóveis residenciais alugados em abril comparado a março na Capital (- 5,51%), no Interior (- 6,62%) e no Litoral (- 5,66%). Em Guarulhos e Osasco houve crescimento de 12,36%. Os descontos médios que os donos dos imóveis alugados deram foram de 10,18% nos bairros de áreas nobres, de 11,76% nos das regiões centrais e de 13,91% nos bairros de periferia, segundo a pesquisa.
Para o diretor da regional Sorocaba do Secovi, Guido Cussiol Neto, a situação das locações em Sorocaba é semelhante à das vendas. Embora o ritmo de negócios esteja estável, os preços caíram. Também colabora para isso a colocação para locação de imóveis antes disponíveis apenas para venda, devido à crise econômica, aumentando a oferta.
A situação é mais difícil para os imóveis comerciais. “Muitas empresas fecharam ou reduziram de tamanho e isso reflete diretamente nos comerciais”, observa. Ele aponta que a região com maior procura para locações residenciais e comerciais é a zona sul da cidade, pela boa estrutura de serviços, shoppings, bancos e transportes.
O atraso no pagamento dos aluguéis no estado aumentou em abril, de acordo com a pesquisa, 5,42% dos contratos contra 4,99% dos atrasados em março. Já em Sorocaba Guido avalia que o pico da inadimplência já passou. Embora a situação ainda preocupe, percebe-se que os inquilinos já conseguem equilibrar melhor as contas.
Fonte: Cruzeiro do Sul