Em julho, a BR Properties anunciou a conclusão da compra dos dois edifícios que compõem o Condomínio Centenário Plaza, em São Paulo, por R$ 439,6 milhões. Em janeiro, o fundo canadense Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB) tinha anunciado acordo com a Cyrela Commercial Properties (CCP), que envolveu troca de ativos e previa a formação de joint venture para investimentos em escritórios comerciais no valor de até R$ 400 milhões.
Esses movimentos ainda são isolados, mesmo assim são apontados por alguns executivos como exemplos de que o mercado de imóveis comerciais começa a dar sinais de vida depois de um período de estagnação. Com os preços ainda em baixa e taxas de vacância altas, a aposta é de que é o momento de comprar para atender a uma futura demanda por essas locações que, eles preveem, não deverá demorar muito mais que quatro anos para se apresentar.
“Há praticamente quatro anos esse mercado enfrenta declínio e, este ano, finalmente, os preços e as taxas de vacância começaram a se estabilizar”, diz Edson Ferrari, diretor da CBRE. Pelos seus cálculos, o próximo ciclo nesse ramo deverá ser de recuperação plena em quatro ou, no máximo, cinco anos.
Em São Paulo, que concentra o maior volume de ofertas, entram no mercado cerca de 370 mil m2 de imóveis comerciais por ano. Mas alguns problemas, como zonas saturadas e dificuldades de potencial construtivo em algumas regiões, segundo ele, devem diminuir esse número para algo como 200 mil m2 anuais.
Portanto, na sua avaliação, diante de uma recuperação econômica mais forte haverá o aumento da demanda que, mesmo com consumo do estoque atual, não deverá ser suprida totalmente por novos lançamentos, pressionando preços. “Se considerarmos apenas o que está represado, como a queda de aproximadamente 25% no valor de locação – que se reflete no valor de venda – e uma inflação acumulada nesse período de maior crise no setor de cerca de 30%, a recuperação poderá elevar, no mínimo, 60% do valor dos negócios nessa área”, ressaltou.
Esse quadro, na sua opinião, é o que está atraindo grandes investidores para esse mercado e que poderá, inclusive, ter reflexos também nas cotas dos fundos imobiliários permitindo acesso de mais pessoas, inclusive físicas. Entre os incentivos, para o executivo, está a queda das taxas de juros.
Mas, claro, há riscos. Trata-se de um mercado muito sensível às variáveis macroeconômicas. “Os indicadores não estão ainda totalmente favoráveis.”
As mesmas indefinições se aplicam também à área residencial. Segundo Guilherme Bueno Neto, sócio da RBR Asset, o mercado de padrão médio – valores que variam de R$ 300 mil a R$ 1 milhão – teve uma queda de até 20% durante o período de crise. “Ao que tudo indica, o pior já passou e os preços começam a se estabilizar.”
Mesmo com liquidez, o executivo lembra que não se trata de um mercado para amadores. “Com pouco dinheiro em circulação tem muita gente disposta a fazer muitas concessões para vender seus imóveis. Mas é preciso ter suporte para conduzir negociações adequadas e aproveitar as oportunidades”, observou.
Se no mercado brasileiro há ainda muitas incógnitas pela frente, o investimento em imóveis no exterior pode trazer algumas oportunidades. Pelo menos é o que acredita Daniel Toledo, sócio fundador da Loyalty Miami. “Há oportunidades de negócios em empreendimentos comerciais, casas para aluguel de férias ou mesmo imóveis para locação durante o ano.” Ele acredita que os mercados mais rentáveis estão nos Estados do Texas, Flórida – com exceção de Orlando que dá sinais de saturação – e em Nova York.
Fonte: Valor Econômico